Artur Lima anuncia: CDS quer criar grupo de estudos dos ativos geopolíticos e geoestratégicos dos Açores (G2A)

O Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores, Artur Lima, anunciou, esta quinta-feira, a apresentação de um Projeto de Decreto Legislativo Regional que visa criar “um Grupo de Estudos sobre as linhas orientadoras da Geopolítica e Geoestratégica da Região, designado por G2A”.

Numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, Artur Lima lembrou que “este era um compromisso eleitoral do CDS-PP e que, depois de elaborado, foi, a título reservado, posto à consideração de um conjunto de personalidades que estudam e pensam sobre estas matérias”, alegando que o projeto de diploma “está aberto a alterações de outras forças políticas”, até porque “o objetivo final é o bem comum dos Açores”, pelo que não espera encontrar reservas por parte de outros partidos.

“A posição geopolítica e geoestratégica dos Açores, associada aos recursos marinhos naturais únicos e praticamente inexplorados, onde coabitam recursos geológicos, minerais, energéticos e de interesse biotecnológico de valor incalculável, sem contar com todo o espólio arqueológico, cultural e histórico, devem ser alvo de estudo e acompanhamento permanente, no sentido de que a sua efetiva exploração e a valorização da geocentralidade atlântica revertam em maiores proveitos económicos e financeiros para a Região”, afirmou.

Assim, prosseguiu, “o CDS-PP entende que as potencialidades geopolíticas e geoestratégicas dos Açores devem merecer dos atores políticos regionais, em primeira instância, um tratamento muito mais atento e pró-ativo, até como forma de afirmação da nossa Autonomia”, pelo que os populares avançam com a proposta de criação deste grupo de estudos.

“O que o Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores hoje apresenta é um Projeto de Decreto Legislativo Regional que visa criar o G2A que será um órgão de carácter consultivo dos Órgãos de Governo Próprio da Região, com a missão de produzir pensamento fundamentado e circunstanciado sobre as potencialidades geopolíticas e geoestratégicas dos Açores, aconselhando o Parlamento e o Governo na adoção de políticas que, pelo aproveitamento dos ativos, revertam em mais-valias económicas, financeiras, científicas e sociais para a Região”, frisou o Líder Parlamentar democrata-cristão.

“Queremos que haja um organismo independente que possa produzir pensamento estruturado, que recrute da sociedade os melhores. Há gente com muito bom trabalho e muito bom pensamento sobre esta matéria, que está subaproveitada e que deve ser valorizada. Há estudantes já com teses de mestrado e doutoramento sobre estes domínios que também têm de ser consultados e chamados a dar o seu contributo à sociedade açoriana”, defendeu Artur Lima.

O G2A, segundo a proposta do CDS-PP, deverá ser composto “por um conjunto de personalidades com reconhecida competência em geopolítica e geoestratégia de número variável, consoante a área em análise, entre eles: O Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que o preside; O membro do Governo Regional dos Açores com competência em matéria de assuntos europeus, cooperação e relações externas; Um representante de cada partido político com assento parlamentar; Um representante de cada uma das Faculdades da Universidade dos Açores; Cinco personalidades de reconhecido mérito e idoneidade a eleger do Parlamento dos Açores”, especificou.

Ainda segundo Artur Lima, “das reuniões do G2A devem ser remetidos relatórios pormenorizados aos Órgãos de Governo Próprio da Região, dando conhecimento de cenários a explorar, contatos a estabelecer, elementos a integrar e/ou metodologias a adotar em áreas emergentes e de interesse geoestratégico para os Açores”.

Para o CDS-PP Açores, “a geopolítica não se amarra em exclusivo à geografia, mas também à capacidade de uma região estabelecer as melhores parcerias, exigindo um estudo continuado de busca de parcerias e de identificação dos adversários que concorrem para os mesmos objetivos, sendo, nesse contexto, necessário saber-se claramente quais são os interesses territoriais e estratégicos para o desenvolvimento do Arquipélago dos Açores”.

O Presidente da bancada popular lembrou ainda que “desde a sua descoberta, no Século XV, que os Açores têm desempenhado uma importante missão como plataforma militar, científica, política, económica e social no Oceano Atlântico” e que “o papel geopolítico e geoestratégico de relevância dos Açores, durante a II Guerra Mundial, garantiu que Portugal fosse convidado a ser membro fundador da Aliança Atlântica, apesar de, à época, possuir um regime político autoritário”. 

 

Angra do Heroísmo, 2 de fevereiro de 2017