CDS-PP estranha: Plano de gestão da região hidrográfica diz que toda a água da Terceira tem qualidade, mas aquíferos continuam contaminados

O Deputado do CDS-PP Açores, Alonso Miguel, considera “estranho” que no Plano de Gestão da Região Hidrográfica dos Açores, aprovado, esta semana, pelo Parlamento dos Açores sob proposta do executivo socialista, “todas as massas de água da ilha Terceira sejam consideradas como estando em bom ou excelente estado de qualidade”, sabendo-se da presença de contaminantes nos aquíferos da Praia da Vitória.

Para o parlamentar popular suscitam-se dúvidas pelos relatórios anuais do Laboratório Nacional de Engenharia Civil que, nos últimos anos, tem vindo a registar a presença de contaminantes nos aquíferos da ilha, no âmbito do processo de descontaminação dos solos da Praia da Vitória.

“Tendo em conta que, em zonas de captação de água na Praia da Vitória, foi já detetada a presença de metais pesados, como o Boro, Crómio, Vanádio, Chumbo e Mercúrio, como se explica que todas as massas de água da ilha Terceira apresentem, desde a situação de referência até ao final do prazo em que vigorará este plano de gestão, boa ou excelente qualidade das massas de água?”, questionou.

“Ao longo de todo o período de vigência do Plano de Gestão da Região Hidrográfica dos Açores, todas as massas de água da ilha Terceira são consideradas como estando em bom ou excelente estado de qualidade, quando ainda no ano transato o Relatório do LNEC volta a confirmar a presença de contaminantes nos aquíferos da Praia da Vitória. É que, neste caso, temos duas certezas: a primeira é que a Praia da Vitória fica na ilha Terceira e, a segunda, é que a presença de contaminantes na água não é um parâmetro de excelência”.

Considerando que o Plano de Gestão da Região Hidrográfica dos Açores assume “uma grande importância, ou não fosse o seu objetivo último a recuperação e salvaguarda da qualidade das nossas massas de água”, Alonso Miguel estranha também que “das 90 lagoas existentes nos Açores, apenas sejam contempladas por este plano 23. Muitas das lagoas que não são contempladas pelo plano têm grande importância do ponto de vista ecológico, de biodiversidade e até do ponto de vista económico, dada a sua relevância em termos turísticos”. Por isso, o Deputado do CDS entende que o Plano poderia ter sido mais ambicioso, optando-se “por um critério que permitisse que muitas das lagoas de menores dimensões pudessem também ser abrangidas pelo plano, permitindo o seu acompanhamento e monitorização”.

 

Horta, 20 de janeiro de 2017