Artur Lima, Líder Parlamentar do CDS, ao Diário Insular: “PS apenas cumpre agenda do Governo”

O Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores, Artur Lima, concedeu, esta quarta-feira, uma entrevista ao jornal “Diário Insular”, onde perspetiva o ano político 2017, e que abaixo se transcreve na íntegra.

 

1 - Quais as grandes novidades que perspetiva para o ano político nos Açores?

Não se perspetivam grandes novidades. Veja que o ano político começa com uma imposição unilateral da Presidente do Parlamento que adiou e alterou, por sua única iniciativa, a realização de uma sessão plenária para proteger as agendas de entidades externas ao Parlamento. Continuamos a assistir ao satisfazer de posições omnipresentes do Governo, mesmo estando a falar do principal órgão de governo próprio da Região. Este novo ano vai continuar a debater-se com crises acentuadas nos principais setores económicos, agricultura e pescas, sem que quem nos governa tenha a capacidade de encontrar soluções para fazer face a situações que agudizam cenários de pobreza extrema. Aliás, a pobreza é, neste momento, o maior flagelo que assola a Região e o Governo socialista continua a vangloriar-se com alguns (poucos) indicadores que lhe são favoráveis, nomeadamente os do turismo. O desemprego continua a preocupar e as soluções passam pela prorrogação de programas ocupacionais e precários. Não há estímulo à iniciativa privada. O envelhecimento da população e o despovoamento das ilhas mais pequenas acentuam-se sem que existam políticas de coesão conformes as necessidades de cada uma das ilhas. O setor da saúde não tem solução à vista para as suas principais maleitas, esperando-se apenas uma melhoria ao nível da redução e combate às listas de espera cirúrgicas, se o Governo implementar depressa e bem o novo modelo de gestão que foi proposto pelo CDS e aprovado pela Assembleia. Nos transportes, apenas um ano depois, a SATA mudou todo o seu plano de negócios e os transportes marítimos continuam a ser um imbróglio para a governação socialista. Da nossa parte, tudo faremos, ao nível da apresentação de propostas legislativas, para ajudar a combater os principais problemas sociais e económicos da Região. Mas nós somos oposição!    

 

2 - No caso específico das eleições autárquicas deste ano, há condições para alterações significativas no espectro político, particularmente com o fenómeno das listas chamadas de independentes? 
Julgo que não, mas espero que sim. Com o afastamento dos eleitores, com o desinteresse geral sobre a atividade política e com a sociedade completamente controlada pelos poderes instalados, ao nível de dependências que vão desde o subsídio para a empresa, ao arranjar trabalho, passando pelos apoios sociais, era fundamental que os Açorianos dessem um novo fôlego à atividade política, retirando a hegemonia ao PS que tem governado a seu belo prazer a Região e a maioria dos seus municípios. E esta hegemonia, que os eleitores entenderam conceder na esperança de que, se fossem todos da mesma cor política, haveria mais investimento e maior desenvolvimento, acabou por revelar-se sinónimo de mais endividamento e de maior estagnação social e económica. 

 

3 - No caso específico do parlamento regional, estão previstas ações que possam ser consideradas de grande significado?

Só se forem as iniciativas oriundas das bancadas da oposição. O PS limita-se a cumprir a agenda do Governo. Da nossa parte vamos dar seguimento prático às propostas que apresentamos aos eleitores na última campanha eleitoral, sugerindo medidas que ajudem a fazer face às situações de maior pobreza ou fragilidade financeira das famílias, impondo justiça social ao nível das carreiras e do merecido repouso de quem trabalhou uma vida inteira, incentivando a formação e capacitação dos jovens e tentando sempre transformar as limitações arquipelágicas em oportunidades de crescimento e desenvolvimento.     

 

 

4 - O debate sobre a reforma da Autonomia, que começou antes das legislativas e parece ter morrido, poderá regressar este ano?

Poderá e deverá. O problema, como todos já percebemos, é que, nomeadamente o PS, tem utilizado este tema muito sério para tentar desviar a atenção de focos de problemas que tem para resolver e para os quais se tem manifestado impotente. É fundamental discutir com seriedade estas temáticas até porque já se percebeu também que a tão apregoadas boas relações institucionais com a República não passam de fogachos eleitoralistas.  

 

Angra do Heroísmo, 11 de janeiro de 2017