Regionais 2016: Assunção Cristas pede “abanão” à governação socialista regional

O CDS-PP voltou à Feira do Gado, em Angra do Heroísmo, no arranque da última semana de campanha eleitoral para as eleições regionais, acompanhado pela líder nacional, Assunção Cristas, que pediu um “abanão” na governação socialista.

“As pessoas sentem que a maioria absoluta acaba por levar a uma situação de autossuficiência, em que as pessoas já não ouvem nada e já não vão ao encontro das necessidades das populações. Temos dito a todos que quem está em boa posição para retirar a maioria absoluta aqui ao Partido Socialista nos Açores é o CDS”, salientou a líder centrista, em declarações aos jornalistas.

Distribuindo panfletos, canetas e beijos pelos pequenos comerciantes e pelos consumidores, a líder centrista foi pedindo votos e a mobilização de “mais dois ou três” indecisos para dar “mais força” ao CDS-PP.

Muitos disseram que “não vai ser fácil” o PS perder as eleições, mas Assunção Cristas respondeu que é preciso, pelo menos, “um abanão bom” para lhe retirar a maioria absoluta.

O pedido foi repetido em todas as conversas e houve até quem concordasse com a líder centrista.

“Eles já estão há muito tempo lá. Estão a fazer aquilo que querem e entendem”, salientou um dos populares presentes no certame.

Na feira agrícola montada num parque de exposições inacabado, várias vozes lembraram que obra foi prometida há anos e que só agora, em véspera de eleições, os trabalhos voltaram a arrancar.

“O que eles têm inaugurado agora. Até meteram as máquinas aí”, salientou, um dos habituais frequentadores do espaço.

“Ando à procura [da obra] mas não a vejo. Agora têm aí as máquinas nas vésperas”, acrescentou outro.

A líder nacional do CDS-PP reparou que “as pessoas estão atentas” e o cabeça de lista pela ilha Terceira, Artur Lima, lembrou que a obra foi prometida pelo PS em 2000.

“Foi a partir daí que eles ganharam maiorias absolutas e deixaram de cumprir, deixaram de fazer as obras. É preciso tirar a maioria absoluta”, apelou.

Mais à frente, os centristas ouviram a história de quem disse ter emigrado “para pagar a casa”, porque um antigo patrão, empresário da construção civil, lhe deve dinheiro, apesar de continuar a conseguir contratos públicos.

“Será que vocês, entrando para o poder, vão mexer com essas companhias que estão a dever dinheiro aos trabalhadores?”, questionou.

Artur Lima respondeu com o discurso reiterado ao longo de toda a manhã, voltando a apelar ao voto no CDS-PP.

“É as maiorias absolutas. Se a gente tivesse mais uma forcinha, ele não era protegido pelo regime”, salientou.

Depois de ter estado em quatro ilhas no fim de semana passado, Assunção Cristas termina hoje uma visita de três dias a outras três ilhas dos Açores, mas regressa ainda antes das eleições de 16 de outubro à ilha de São Miguel.

 

Mar: Região não definiu as suas competências

 

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, reiterou hoje que a Lei de Bases de Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo prevê a gestão partilhada do mar pelos Açores, acusando o Governo Regional de não ter definido as suas competências.

“A lei faz uma gestão partilhada naquilo que tem a ver com os licenciamentos, no dia-a-dia das atividades, e também na preparação do ordenamento das águas adjacentes ao arquipélago dos Açores. O que eu lamento é que esse trabalho ainda não tenha sido feito pelo Governo Regional”, frisou.

Assunção Cristas falava aos jornalistas à margem de uma ação de campanha para as eleições legislativas regionais de 16 de outubro, na Feira do Gado, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

O período oficial de campanha eleitoral nos Açores tem sido marcado pela troca de acusações sobre a legislação que regula a gestão do mar, com a antiga ministra do Mar, Assunção Cristas, na mira de PS e BE.

Assunção Cristas não respondeu em discurso, no comício do CDS-PP, sábado à noite, em Angra do Heroísmo, mas confrontada hoje com as críticas não fugiu à questão e disse ter “orgulho” de ter preparado essa legislação.

“Foi cumprida estritamente a Constituição. Aliás, como é sabido, o Governo Regional pediu para que o Tribunal Constitucional se pronunciasse, porque entendia que estavam a ser retiradas competências à Região Autónoma dos Açores e a resposta do Tribunal Constitucional era de que a lei estava absolutamente conforme a nossa Constituição”, frisou.

Já o líder regional centrista, Artur Lima, acusou o BE de “populismo” e de “demagogia barata”, por prometer aquilo que não pode em véspera de eleições.

“O CDS, no sítio próprio, na casa da Autonomia, nos Açores, e respeitando o nosso Estatuto Político-Administrativo e as nossas competências, apresentou um projeto de resolução para que nós definíssemos quais as nossas competências, qual a legislação, na gestão partilhada do mar”, salientou, acrescentando que a proposta foi chumbada.

Artur Lima disse ter a certeza de que o BE, “fazendo parte do Governo da República”, vai alterar a lei, na Assembleia da República, mas acrescentou que é preciso esperar “que o Tribunal Constitucional depois diga como é que é essa lei”.

“O que eu considero é que é necessário definir competências e definir o que a região quer, que é o que a lei permite, gestão partilhada. Se nós definirmos as nossas competências, ficam definidas as áreas em que cada um pode atuar e aí não há conflitos”, frisou.

 

Angra do Heroísmo, 9 de outubro de 2016